Por Francisco Dalcol
Jornalista do Segundo Caderno - Diário de Santa Maria
.Jornalista do Segundo Caderno - Diário de Santa Maria
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O artista visual é dotado de um talento no olhar que faz traços se transformarem em imagens e sentidos. Quem passar pela exposição que está em cartaz na Casa de Cultura, por exemplo, verá que o trabalho de Joe Nunes transita entre o surreal e o sombrio. Se você for fã de quadrinhos, facilmente será remetido ao estilo do artista inglês Dave McKean, autor das belas e sinistras imagens das capas de Sandman, de Neil Gaiman. Mas nem de longe suspeitará que, no caso de Joe, os trabalhos são resultado de um olhar que supera limitações.
.O artista de Santa Cruz do Sul não enxerga nada com o olho esquerdo e tem apenas 30% da visão do direito. O mais desafiante na sua história é que, antes de se tornar deficiente visual, Joe trabalhava com artes visuais. Aos 18 anos, ele começou a perder a visão em conseqüência do diabetes, em uma progressão que seguiu até os 26. Hoje, aos 32, Joe tem uma nova relação com a vida e a arte. Precisou adaptar sua técnica e reaprender a pintar. “Foi um baque perder a visão. Tive de batalhar e superar. Fiquei um tempo sem pintar. Aí, resolvi voltar. Mas tive de reaprender. Hoje, uso lupas para trabalhar e me sinto adaptado. Até já esqueci o quanto enxergava antes” diz.
.As mudanças não ocorreram só no modo de pintar. A deficiência visual acabou influenciando no conteúdo e na estética de seus trabalhos. Antes, Joe tinha o surrealismo como grande influência e usava muitas cores. Quando voltou a pintar já com a dificuldade de enxergar, passou a criar telas mais sombrias.
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