Por um adorável pesadelo

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Mauro Ulrich
Jornalista do Caderno MIX – Gazeta do Sul

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Quem de nós, um dia, quando criança, não passou alguns minutos deitado na grama, olhando para cima, imaginando o que aconteceria se o céu caísse sobre a nossa cabeça? Abracurcix, chefe da aldeia gaulesa onde vive o famoso Asterix e sua turma, sofre desta fobia. João plantou feijões mágicos e descobriu que ele, o céu, não era o limite. Nas pinturas de origem sacra o firmamento é quase todo palpável, apesar de feito de nuvens. E agora o artista plástico Joe Nunes, na exposição que está em cartaz no Centro de Cultura Jornalista Francisco José Frantz, nos faz ver, por intermédio de suas 11 telas, que se nos sobra céu – e o que de muito pode haver além dele – nos falta o chão.

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Visitar a exposição E Se o Céu Caísse?, cuja vernissage acontece amanhã, às 19 horas – com uma apresentação do Grupo de Danças Afro Olodum –, é uma experiência similar a pegar um elevador no último andar de um prédio de vinte andares sem que o elevador esteja no mesmo pavimento. É um susto, no escuro. É uma queda, no vazio. Um frio nos percorre a espinha. Uma experiência única e arrebatadora como um vídeo do Metallica, como fazer figuração na próxima continuação de Hellraiser ou descobrir os originais nunca vistos antes de uma história de Neil Gaiman, o autor de Sandman.

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Um dos “cabeças” do grupo de artistas independentes Contra-Senso e do grupo de teatro In(s)Pirados, dono da A.G.A. produções, Joe Nunes começa a se tornar figura ativa no meio cultural de Santa Cruz do Sul, participando dos debates do Fórum da Cultura. Seus trabalhos, em técnicas que vão da mista até o óleo e a acrílica sobre tela, ficarão no local, passíveis de comercialização, até o dia 8 de maio. Podem ser visitados de segundas a sextas-feiras, das 8h30 às 11h30 e das 13h30 às 17h30, e aos sábados e domingos, das 14 às 17 horas. Aos finais de semana, o atendimento é personalizado: Joe está no local para atender o público e conversar sobre artes. E tal. Mas não lhe pergunte o que ele quis dizer sobre este ou aquele trabalho. O artista nunca quer dizer. O artista diz..

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